O Transtorno do Espectro do Autismo está na realidade de muitas pessoas, ocorrendo em famílias de diferentes raças, credos ou classes sociais e mesmo assim ainda existem dúvidas sobre o mesmo.
Como todo ser humano, cada autista se difere um do outro, devido a isso não se deve identificar apenas uma característica de autismo apresentada pelo individuo e já diagnosticá-lo como Transtorno do Espectro do Autismo – TEA. Estudos apontam várias hipóteses sobre o autismo e ainda não foi possível encontrar uma resposta concreta sobre o mesmo. Visto o fato de as características serem muito variadas, no momento do diagnóstico até mesmo os profissionais sentem dificuldades, pela particularidade de cada autista e de não poderem generalizar os comportamentos para todas as pessoas com o TEA.
Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais cedo acontecerá intervenção. Por isso é importante que todas as pessoas entendam um pouco sobre o autismo e reconheçam seus sinais.
Muitas pessoas ainda reconhecem um autista com características leves, como uma pessoa que possui Síndrome de Asperger, o que por muito tempo apresentou esse conceito e ainda estão associados no CID-10 (1993).
A nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM V (2014) apresenta uma proposta para várias patologias, incluindo o autismo, sendo mais aperfeiçoada, mudando sua nomenclatura e justificando em uma nota, contida no próprio DSM V (2014, p.51):
Com essa nova sugestão no DSM-V (2014), o autismo deixa de ser o Transtorno Global do Desenvolvimento e passa a ser chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (F84.0), sua divisão fica apenas restrita ao autismo grave, moderado e leve, diferentemente do DSM-IV-TR (2002), que apresentava uma divisão mais ampla, denominando de: Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Autismo Atípico.
No atual DSM-V (2014), a Síndrome de Rett não está mais incluída no autismo, ela por sua vez, torna-se uma entidade própria. Pode ser associada ao Transtorno do Espectro do Autismo, como uma condição médica ou genética conhecida ou fator ambiental ou outro Transtorno do Neurodesenvolvimento Mental ou Comportamental. O DSM-V (2014) coloca como exemplo o Transtorno do Espectro do Autismo, associado à Síndrome de Rett.
Os critérios diagnósticos segundo o DSM-V (2014) são: (1) o prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social; (2) os padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades; (3) sintomas que estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário.
Neste novo modelo não se pode ficar restrito a esses critérios, outras informações devem ser consideradas; observações clínicas; histórias do cuidador; informações de relatórios da escola e se possível autorrelato.
A comunicação é um aspecto bastante afetado em pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo, e com frequência, apresenta-se severamente prejudicada. Para Pomeroy (1992, apud FÁVERO; SANTOS, 2005), este atraso pode ser antecedido por ausência de balbucio comunicativo, tornando assim necessário que os pais encontrem uma maneira de a comunicação se tornar possível e funcional, visto que de alguma maneira as pessoas mais próximas dos autistas necessitam de alguma alternativa de comunicação, para haver a interação entre ambas as partes.
Incluindo aspectos da comunicação verbal e não-verbal, a linguagem pode não existir ou se apresentar de maneira atrasada, o ritmo da fala pode ser imaturo e restringir-se a compreensão de ideias. (MELLO, 2004). As palavras podem não ter associação ao significado, pode-se repetir as palavras que são ditas, conhecida como a ecolalia imediata, ou repetir horas depois de que foram faladas, conhecida como ecolalia tardia. Também pode acontecer inversão do uso normal dos pronomes, principalmente usando “tu”, em vez de “eu” ou “mim” quando se refere à própria pessoa.
Se a fala se desenvolver, pode haver anormalidade no timbre, entonação, velocidade, ritmo ou a ênfase. Apresentando uma linguagem idiossincrática, na qual apenas pessoas que tem um convívio diário ou uma proximidade conseguirão entender. (DSM-V-TR, 2002).
A interação social é uma das características que mais causa confusão. Mello (2004) define a dificuldade de se relacionar com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, emoções, gostos e a dificuldade em diferenciar as pessoas e também de se colocar no lugar do outro e de entender os fatos a partir do ponto de vista do outro. Assim, imitar ganha maior ênfase no aspecto social, pois há uma compreensão de como a criança aprende a manipular e usar de maneira prática os objetos através de ações que são feitas por outras pessoas, a imitação é considerada essencial para o aprendizado, o que muitos autistas não têm ou apresentam uma falha, sendo isso considerado um prejuízo na sociabilização.
“Nas crianças com TEA são observados prejuízos importantes na imitação de movimentos faciais e de gestos, assim como é observada dificuldade na imitação tardia de ações sobre objetos”. (ARAÚJO, 2011b, p. 183).
Um fracasso pode acontecer, quando forem desenvolver um relacionamento com seus pares, os autistas podem ignorar brincar com outras crianças, até mesmo com seus irmãos. (DSM-V-TR, 2002).
O brincar é importante no desenvolvimento da criança, por permitir o aprendizado e a prática de novas competências em condições seguras e prazerosas. Ao brincar, as crianças têm oportunidade de desenvolver não apenas as habilidades motoras, mas também as capacidades cognitivas e sociais. (ARAÚJO, 2011b, p. 182).
Crianças com desenvolvimento considerado normal gostam de brincar com outras crianças, de interagir com as pessoas, principalmente seus pais e familiares. Diferentemente as crianças com Transtorno do Espectro do Autismo, não se engajam a jogos habituais da infância, gastam um tempo enorme explorando o seu ambiente inanimado. (KLIN, 2006).
O brincar para a criança é considerado algo essencial para o seu processo de desenvolvimento, pois auxilia em várias áreas, tanto cognitivo, quanto comportamental.
O uso da imaginação pode ser explicado pelos comportamentos obsessivos e ritualísticos, falta de aceitação das mudanças até mesmo quando estas ocorrem dentro de sua própria casa, como por exemplo, trocar um sofá de lugar, isso causa perturbação e dificuldades em processos criativos, evocando grande oposição ou contrariedade. (MELLO, 2004). Relacionamento anormal com os objetos, usando de maneira inadequada ou diferente para quem tem um desenvolvimento considerado “normal”.
Movimentos estereotipados podem incluir andar nas pontas dos pés, estalar os dedos, balançar o corpo e outros maneirismos, esses movimentos são realizados como uma fonte de prazer ou forma de se auto acalmar e podem, às vezes, ser exacerbados por situação de estresse. (KLIN, 2006).
O Transtorno do Espectro do Autista é amplo em suas características e encontra-se desde o nível leve, moderado e grave, sendo que uma pessoa com autismo pode passar de um nível para outro, dependo dos estímulos e intervenções propostas.